Falta de motivação afasta jovens da escola, aponta pesquisa
Jeito de menino, preocupações de adulto. Marcus Vinícius de Oliveira, de 16 anos, sabe que quanto mais tempo de estudo, maiores as chances no futuro. “Hoje em dia para trabalhar na limpeza urbana você precisa do segundo grau. Imagina eu sem o estudo.”
Marcus estuda em um colégio estadual do Rio de Janeiro, o estado do país com maior percentual de crianças e jovens entre 0 e 17 anos matriculados: 79,8%. Mas é no Distrito Federal que os alunos passam mais tempo dentro da escola: 79% dos jovens ficam mais de quatro horas no colégio. E faz diferença. Foram os alunos que tiveram as melhores notas no exame que avalia o ensino médio.
A pesquisa divulgada nesta terça-feira pela FGV também mostrou que o índice de alunos matriculados é menor no norte do Brasil. No Acre são apenas 65,1%. Lá o trabalho tira jovens e crianças das salas de aula.
- Falta de motivação
A necessidade de trabalhar para ajudar a família não é a principal causa de abandono da escola. A pesquisa mostrou que esse é o motivo para apenas 4% dos jovens entre 15 e 17 anos. Oito por cento deles, o dobro, não estudam por falta de motivação, porque não querem ir à escola.
Júlio César, de 15 anos, decidiu parar de estudar aos 14 anos para vender doces no ponto de ônibus. “No colégio não tem nenhuma área de esporte para jogar bola, eu gosto de jogar bolinha de gude, gosto de soltar pipa. E é por isso que eu não venho estudar mais.”
“Principal lição é que ele não freqüenta a escola porque ele não gosta dessa escola, ele não quer essa escola tal como ela se apresenta. Então, é preciso fazer políticas de atração do jovem à escola", acredita o pesquisador da FGV Marcelo Néri. Ele acha que é preciso convencer os jovens de que a escola é a melhor oportunidade para conseguir um emprego e ter salários mais altos.
“Quando o jovem passa do ensino médio para o ensino superior a taxa de empregabilidade sobe de 68% para 78%. Ele tem um aumento de quase R$ 1.000 de salário, passa de R$ 700 para R$1.700”, completa.
O estímulo também deve vir de casa. Jéssica Duarte, de 16 anos, é a prova isso. “Como meu pai não teve oportunidades na vida, ele quis que eu tivesse um ensino melhor. Ele preferiu que eu optasse pelo estudo e não pelo trabalho agora que está cedo. Ele sempre fala que em primeiro lugar sempre vem o estudo, sempre.”
Fonte: G1